segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Exegese e Aplicação

Colossenses 2:16-23 – Exegese e Aplicação
de Dennis Downing

Parte I – Introdução e Exegese (Col 2:16-17)
A questão do Cristão participar ou não em certas festas, comemorações e celebrações como Páscoa, Natal, Ano Novo, Pentecostes, Festas Juninas e outras, tem causado polêmica ou controvérsia entre discípulos de Jesus. Alguns se preocupam que, se forem adotadas pela igreja ou se Cristãos nelas participarem, poderiam levar a sérios danos para a vida da igreja e dos seguidores de Jesus. Buscaremos saber até que ponto a igreja pode se envolver dentro dos padrões culturais sem se comprometer espiritualmente. Neste estudo também veremos algumas diretrizes bíblicas em relação a como tratar assuntos que tem o potencial de dividir Cristãos, mas, que, por sua natureza não envolvem questões centrais da fé Cristã.
Na nossa abordagem pretendemos analisar esta questão em duas partes. Primeiramente, analisaremos como foram tratadas as questões de festas, celebrações, comemorações, e etc. no NT. Nesta parte tentaremos responder a dúvidas como:
1. Os primeiros Cristãos comemoraram ou guardaram algumas datas ou festas específicas?
2. A Bíblia condena claramente datas especiais ou comemorações dentro da igreja local, ou na vida pessoal do Cristão?
3. A Bíblia nos dá uma luz ou alguns princípios em relação à comemoração de datas ou celebrações no calendário da igreja?
4. Como foi tratada a questão de diferença de opinião ou de questões de consciência quanto a festas, comemorações, etc.?
Na segunda parte vamos tentar aplicar os fundamentos bíblicos à nossa realidade atual. Tentaremos lançar alguns princípios sobre como podem ser resolvidos diferenças entre os irmãos em relação à questão de celebrações, comemorações e datas especiais dentro da igreja e no nível particular entre os irmãos. Procuraremos responder às seguintes dúvidas:
1. Existe alguma proibição bíblica que impede alguma congregação ou o Cristão em particular de comemorar ou guardar datas como Páscoa, Natal, Ano Novo, etc.
2. Como deve ser tratada a questão de festas ou comemorações que alguns gostariam de comemorar e outros não?
3. Como devemos lidar com controvérsias a respeito de datas especiais na igreja?
4. Qual o tratamento ou comportamento adequado quando enfrentamos questões de consciência em relação a datas e comemorações especiais?
Para começar, vamos analisar uma passagem em que a questão de guardar ou não certas datas foi tratada diretamente.
Colossenses 2:16-23 - Exegese
Contexto Histórico
O apóstolo Paulo, autor da epístola, provavelmente estava em Roma, entre os anos 60-61 no tempo de seu aprisionamento (Col 4:10, veja também At 28:30; Fil 1:23).[1] Embora não conhecendo a igreja lá (Col. 2:1), Paulo recebeu notícias de Epafras, membro da igreja em Colossos. Epafras possivelmente foi o Cristão ou um dos Cristãos que começaram a igreja em Colossos (Col. 1:7-9; 4:12).
Certas pessoas estavam ensinando e persuadindo os irmãos em Colossos a se submeterem a ordenanças na forma de imposições e proibições que não existem no Evangelho. Estas pessoas não são identificadas pessoalmente. Mas, é provável que foram líderes, pelo menos mestres e professores.[2] Podemos concluir isso baseado nas referências sobre “sabedoria” e “conhecimento” e “raciocínios” (2:3, 4), Estes poderiam ser da igreja em Colossos ou de outras congregações. É grande a possibilidade de que eram líderes de Laodicéia, pois Paulo manda que esta carta seja lida na congregação de lá e que a carta que ele havia enviado para lá seja lida na igreja em Colossos (Col. 4:16).
Contexto Literário
Quatro das últimas obras de Paulo já foram agrupadas como “Epístolas da Prisão”, pois os indícios são fortes de que Paulo já estava preso em Roma, ou pela primeira, ou pela segunda vez. Estas epístolas são: Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom. As mesmas pessoas são mencionadas entre as epístolas (Epafras é mencionado em Colossenses e Filemom, bem como Onésimo é mencionado nas duas epístolas. Timóteo é mencionado em Filipenses, Colossenses e Filemom.). Há também referências à prisão (Efé 3:1; 4:1; Col 4:10; Filemom 1:1, 9) e cadeias (Efé 6:20; Fil 1:7, 13,14,17; Col 4:3; 4:18; Filemom 1:10,13) em todas as quatro obras. Nesta carta, como em Romanos, Gálatas e de certa forma Efésios, Paulo está lidando com problemas de legalismo com fundamento em certas tradições judaicas.
Conteúdo, Ênfase e Introdução
Esta epístola exorta os novos Cristãos em Colossos a continuarem na verdade de Cristo já recebida. Ao mesmo tempo, Paulo alerta os Cristãos contra tradições e crenças religiosas que ameaçam a pureza do Evangelho e a suficiência de Cristo.
A epístola enfatiza a suficiência de Jesus Cristo como filho de Deus e como nosso Salvador. O argumento de Paulo é que preceitos e tradições humanos não têm valor para a santificação ou salvação. Paulo mostra como estas formas de falsa “sabedoria” tentam substituir o papel de Cristo na nossa transformação e salvação. É importante salientar que tanto imposições como proibições baseadas em preceitos humanos ameaçam o fundamento da nossa justificação diante de Deus, que é Jesus Cristo.
No começo da carta, depois das saudações e agradecimento pela fé dos irmãos em Colossos, e menção das suas orações por eles, Paulo logo começa a falar da grandeza de Cristo. Ele é O Agente de Deus na criação, Cabeça da Igreja e Reconciliador de todos por meio da cruz. Paulo fala do seu ministério e sua preocupação para com os irmãos Colossenses. No segundo capítulo Paulo vai alternando entre referências à controvérsia em Colossos e à suficiência e a supremacia de Cristo em tudo. A partir de v. 16 Paulo começa a falar especificamente sobre a causa dos erros ameaçando a fé dos Colossenses. 
Colossenses 2:16-23 (ARA)
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. 18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, 19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus. 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.
Colossenses 2:16-17
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Evidentemente, havia Cristãos que davam a entender no seu ensino que era necessário se abster de certas comidas e, ao mesmo tempo, começar a guardar certos dias, festas ou comemorações. A palavra chave aqui é “julgar” (“ninguém ... vos julgue”). No texto a palavra é krino (krinw) que significa “achar falta, ou condenar”[3] (veja Rom 2:1,1: 14:3,10,13; 1 Cor 4:5; 10:29; Tiago 4:11). O problema não foi apenas pensar diferente ou ter uma outra opinião pessoal. Aparentemente, estas pessoas condenavam os Cristãos em Colossos que não guardavam estes dias e não se abstinham de alimentos como eles. O que Paulo não aceitava e chamou os Cristãos a não permitirem foi que eles fossem “julgados” ou seja condenados, por causa de algo que, em Cristo, não era questão de salvação.
Ao que tudo indica, a raiz principal do problema em Colossos foi com tradições e crenças judaicas. Possivelmente haviam outras crenças e “filosofias” de origem gnóstica ou de religiões pagãs como indicam as referências a visões e culto dos anjos (v. 18). Sabemos que a questão de se abster de certas comidas foi um dos pontos de atrito entre judeus e Cristãos (Gal 2:11-14; Veja Atos 10:9-23 a visão de Pedro, e a decisão dos líderes da igreja em Jerusalém AT 15:29). Também as datas citadas têm tudo a ver com as ordenanças da lei de Moisés.
Depois de falar sobre “comida e bebida” Paulo continua a falar sobre festas e datas especiais. Várias referências no AT indicam que esta lista se refere às festas e comemorações judaicas.
1 Crônicas 23:30-31
30 Deviam estar presentes todas as manhãs para renderem graças ao SENHOR e o louvarem; e da mesma sorte, à tarde; 31 e para cada oferecimento dos holocaustos do SENHOR, nos sábados, nas Festas da Lua Nova e nas festas fixas, perante o SENHOR, segundo o número determinado;
Oséias 2:11
“Acabarei com a sua alegria: suas festas anuais, suas luas novas, seus dias de sábado e todas as suas festas fixas.” NVI
(veja também 2 Cr. 2:4; 8:13; 31:3; Ne 10:33; Eze 45:17)
As pessoas que haviam confundido os Cristãos em Colossos também queriam impor certos dias e festas como parte obrigatória do calendário da igreja. Segundo o que podemos entender, para estas pessoas, os Cristãos teriam que seguir com rigor este novo calendário para serem considerados fiéis e aceitáveis diante de Deus.
É por isso que Paulo fala tanto na suficiência que temos em Cristo. A passagem que estamos analisando começa com uma ligação ao que Paulo falou antes (v. 16 “Ninguém, pois, vos julgue...). Antes de entrar nos pontos específicos da questão Paulo frisou a suficiência da nossa salvação em Cristo. Ele reafirmou que não há necessidade para qualquer outro meio de justificação, senão Cristo, pois em Cristo temos tudo que precisamos.
Col 2:10-13
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. 11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, 12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. 13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
Paulo frisou também a nossa libertação da lei e conseqüentemente da necessidade de nos submeter a regras e ordenanças.
Col 2:14
“tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;”
Notamos que Paulo não negou que estas coisas tinham sua importância na época da lei. Mas, ele foi categórico em afirmar que já passamos da época em que as ordenanças e a lei tinham algum valor em relação à nossa aceitação diante de Deus. É isso que ele trata quando diz em v. 17
Col 2:17
"porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo."
“Tudo isso” se refere às coisas como “comida e bebida, dia de festa, lua nova, e sábados” de v. 16. Paulo mostra que, embora estas coisas fizessem parte da expectativa de Deus para seu povo debaixo da lei, agora vivemos em outra época e estas coisas não pesam mais sobre nós.
A expressão “coisas que haviam de vir” não se refere a algo ainda no futuro do ponto de vista de Paulo e os Colossenses e sim dos seguidores de Deus que viviam debaixo da lei. Senão estas coisas não seriam “sombra” e sim, ainda realidade. Ou seja, as ordenanças como proibições de certas comidas ou a exigência de guardar certos dias ou datas pertenciam todos à sombra que era, sobretudo, da lei e portanto do passado. No AT isto ainda era futuro. Mas, agora, em Cristo, “as coisas que haviam de vir” já chegaram e os Cristãos em Cristo já vivem na época da realidade.
Os comentaristas divergem sobre o significado do “corpo de Cristo” aqui, mas, o sentido mais razoável é da própria Igreja e da presença real de Cristo entre nós. Paulo usa uma figura bastante comum. Como todo homem observa, há um contraste entre uma “sombra” e um “corpo”. A “sombra” traça apenas o perfil do corpo. A realidade é o próprio corpo.
O corpo de Cristo, quer seja na forma da Igreja, ou da presença do Senhor entre nós é a realidade com a qual devemos nos importar agora. Antes que o “corpo” viesse havia apenas a “sombra”, ou seja as ordenanças da lei que apontavam para Cristo. Mas, agora, temos a realidade do próprio Cristo, algo infinitamente melhor. Portanto, devemos deixar para trás as coisas da “sombra” ou seja, as ordenanças e proibições, e nos contentar e focalizar na realidade que é Cristo Jesus.

Escalar Árvores ou Sentar nos Ramos


de Max Lucado
José estava sentado firmemente no seu galho na árvore. Este era grosso, confiável e perfeito para servir de assento. Era tão forte que não tremia com as tempestades, nem se agitava quando os ventos sopravam. Aquele ramo era previsível e sólido e José não tinha intenção de deixá-lo.
Isso até que lhe ordenaram que subisse num outro ramo.
Sentado a salvo em seu ramo, ele olhou para aquele que Deus queria que subisse. Jamais vira outro tão fino! "Esse não é lugar para um homem ir!" disse consigo mesmo. "Não há lugar para sentar. Não há proteção das intempéries. E como seria possível dormir pendurado nesse galhinho vacilante?" Ele recuou um pouco, apoiou-se no tronco e pensou na situação.
O bom senso lhe dizia que não subisse no galho. "Concebido pelo Espírito Santo? Pense bem!"
A autodefesa lhe dizia para não fazer isso. "Quem vai acreditar em .mim? O que nossas famílias vão pensar?"
A conveniência o aconselhava a não fazê-lo. "Bem quando eu esperava estabelecer-me e criar uma família."
O orgulho lhe recomendava o mesmo. "Se ela pensa que vou acreditar numa história dessas..."
Mas Deus lhe dissera para fazer isso, sendo essa a sua preocupação.
A idéia o aborrecia porque estava feliz na situação presente. A vida perto do tronco era boa. O seu ramo era suficientemente grande para permitir que ficasse confortável. Ele estava próximo a inúmeros outros sentadores em galhos fizera algumas contribuições válidas para a comunidade de árvores. Afinal de contas, não visitava regularmente os doentes no Centro Médico do Ramo Norte? Não era ele também o melhor tenor no Coral do Arvoredo? E o que dizer da aula que dava sobre herança religiosa, com o título apropriado de "Nossa Arvore Genealógica"? Deus certamente não ia querer que deixasse tudo isso. Ele tinha... bem, poderia ter dito que tinha raízes no lugar.
Além disso ele conhecia o tipo de sujeito que se atira a uma aventura sozinho. Radical. Extremista. Liberal. Sempre se excedendo. Sempre agitando as folhas. Sujeitos com a cabeça cheia de idéias estranhas, procurando frutas estranhas. Os que são estáveis são aqueles que sabem como ficar perto de casa e deixar as coisas correrem.
Acho que alguns de vocês compreendem José. Sabem como ele se sente, não é? Já estiveram ali. Você sorri porque já foi também chamado para arriscar-se e subir em outro galho. Conhece o desequilíbrio gerado quando tenta manter um pé na sua própria vontade e outro na dele. Você também enfiou as unhas na casca da árvore para segurar-se melhor. Você conhece muito bem as borboletas que voam na boca de seu estômago quando percebe que há mudanças no ar.
Talvez mudanças estejam justamente no ar agora. Talvez você esteja em meio a uma decisão. É difícil, não é mesmo? Você gosta do seu ramo. Acostumou-se com ele e ele com você. Da mesma forma que José, você aprendeu a sentar. Você ouve então o chamado. "Preciso que suba em outro ramo e
... tome uma posição. Algumas das igrejas locais estão organizando uma campanha anti-pornografia. Elas precisam de voluntários”.
mude. Pegue sua família e se mude para o exterior, tenho um trabalho especial para você"
perdoe. Não importa quem feriu quem primeiro. O que importa é que você construa a ponte."
... evangelize. Aquela família da mesma rua? Eles não conhecem ninguém na cidade. Vá falar com eles."
sacrifique. O orfanato tem uma hipoteca que vai vencer este mês. Eles não podem pagá-la. Lembra-se do abono que recebeu na semana passada?"
Qualquer que seja a natureza do chamado, as conseqüências são as mesmas: guerra civil. Embora seu coração possa dizer sim, seus pés dizem não. As desculpas surgem como folhas douradas quando sopra um vento de outono. "Essa não é a minha área." "É hora de outro tomar a responsabilidade." "Não agora. Faço isso amanhã"
Mas eventualmente você acaba contemplando uma árvore nua e uma escolha difícil: A vontade dele ou a sua?
José escolheu a dele. Afinal de contas, era realmente a única opção. José sabia que a única coisa pior do que uma aventura no desconhecido era a idéia de negar seu Mestre. Resoluto então, ele agarrou o ramo menor. Com os lábios apertados e um olhar decidido, colocou uma mão na frente da outra até que ficou balançando no ar com apenas a sua fé em Deus como uma rede protetora.
Conforme o desenrolar dos acontecimentos, os temores de José foram justificados. A vida não se mostrou mais tão confortável quanto antes. O galho que agarrou era de fato bem fino: o Messias deveria nascer de Maria e ser criado em sua casa. Ele tomou banhos frios durante nove meses para que o nenê pudesse nascer de uma virgem. Ele teve de empurrar as ovelhas e limpar o chão sujo para que sua mulher tivesse um lugar para dar à luz. Ele se tornou um fugitivo da lei. Passou dois anos tentando aprender egípcio. Houve ocasiões em que esse ramo deve ter balançado furiosamente ao sabor do vento. Mas José apenas fechou os olhos e continuou firme.
Você pode estar, no entanto, certo de uma coisa. Ele jamais se arrependeu. A recompensa de sua coragem foi doce. Um só olhar para a face celestial daquela criança e ele teria feito tudo de novo num momento.
Você já foi chamado a aventurar-se por Deus? Fique certo de que não vai ser fácil. Subir em galhos nunca foi fácil. Pergunte a José. Ou, melhor ainda, pergunte a Jesus.
Ele sabe melhor do que ninguém quanto custa ser pendurado num madeiro.

CANON DO NOVO TESTAMENTO



A autenticidade de nosso Novo Testamento tem seu fundamento na integridade dos cristãos primitivos. Os líderes da igreja primitiva reuniram, preservaram, e provaram a autenticidade dos escritos que nós agora chamamos o Novo Testamento.
Com respeito a Marcos, o que escreveu o evangelho: E o ancião disse isto também: Marcos, tendo passado a ser o intérprete de Pedro, escreveu exatamente tudo o que recordava, no entanto não o registrando no ordem que tinha sido feito por Cristo. Porque ele nem ouviu ao Senhor nem lhe seguiu; mas depois, como disse, (ajudou) a Pedro, o qual adaptou suas instruções às necessidades (de seus ouvintes), mas não tinha intenção de dar um relato conexo das palavras do Senhor. Papías (120 d.C.)
Mateus, (que pregou) aos hebreus em sua própria língua, também pôs por escrito o evangelho, quando Pedro e Paulo evangelizavam e fundavam a igreja. Uma vez que estes morreram, Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, também nos transmitiu por escrito a predicação de Pedro. Igualmente Lucas, seguidor de Paulo, consignou num livro o evangelho que este pregava. Por fim João, o discípulo do Senhor que se tinha recostado sobre seu peito, redigiu o evangelho quando residia em Éfeso. Irineu (180 d.C.)
E se alguém pesquisa com cuidado nos Atos dos Apostolos a época à que Paulo se refere quando escreve “subi a Jerusalém” pelo problema já dito, verá que os anos correspondem com precisão aos que Paulo assinalou. Por conseguinte, a predicação de Paulo e o depoimento de Lucas concordam e são praticamente os mesmos… Lucas narra por ordem tudo o que levou a cabo com Paulo, indicando com toda diligência os lugares, cidades e número de dias, até que subiram a Jerusalém… Lucas esteve presente em tudo e o redigiu minuciosamente, a fim de que ninguém o julgue um mentiroso ou arrogante, pois todos estes Atos eram conhecidos, e ele é mais antigo que todos aqueles que andam dizendo do que ignorava a verdade. Irineu (180 d.C.)
O Apostolo escreve: “Oh Timóteo, guarda o que se te encomendou, evitando as profanas negociações sobre coisas vãs, e os argumentos do falsamente chamado conhecimento.”… Presos por este enunciado, os hereges recusam as epístolas a Timóteo. Clemente de Alexandria (195 d.C.) É esta autoridade das igrejas Apostolicas a que garante os demais evangelhos que nos chegaram através delas e segundo a interpretação delas, a saber, o de João, o de Mateus, e o que publicou Marcos, ainda que se diz que é de Pedro, de quem Marcos era intérprete, e o que compôs Lucas, cujo conteúdo se atribui a Paulo. Tertuliano (197 d.C.)
Vejamos qual é o leite que os Coríntios beberam do Apostolo Paulo, segundo que princípios foram repreendidos os gálatas, que se escreveu aos filipenses, aos Tessalonicenses, aos Efésios, que é o que os romanos ouvem diretamente, aos que tanto Pedro como Paulo lhes deixaram o evangelho selado com seu próprio sangue. Temos também as igrejas que se alimentaram de João: porque, ainda que Marção (um maestro entre os hereges) recusa seu Apocalipse, se percorremos a sucessão dos bispos até sua origem terminaremos em João, seu autor. Tertuliano (197 d.C.)
Os Atos dos Apostolos também atestam a ressurreição. (Tertuliano 210 d.C.) Mas a carta de Judas e as duas escritas com o nome de João foram aceitadas na [igreja] universal; a Sabedoria também, escrita pelos amigos de Salomão em sua honra. O Apocalipse de João também recebemos. Fragmentos de muratori (200 d.C.)
Depois da ascensão de Cristo, Lucas o médico, o qual Paulo tinha levado consigo como experiente jurídico, escreveu em seu próprio nome concordando com a opinião de [Paulo]. No entanto, ele mesmo nunca viu ao Senhor na carne e, portanto, segundo pôde seguir... Começou a contá-lo desde o nascimento de João. Fragmentos de muratori (200 d.C.)
O quarto evangelho é de João, um dos discípulos. Fragmentos de muratori (200 d.C.)
Os Atos de todos os Apostolos foram escritos num livro. Dirigindo-se ao excelentíssimo Teófilo, Lucas inclui uma por uma as coisas que foram feitas adiante de seus próprios olhos, o que ele mostra claramente ao omitir a paixão de Pedro, e também a saída de Paulo ao partir da cidade para Espanha. Fragmentos de muratori (200 d.C.)
Quanto às cartas de Paulo, elas mesmas mostram aos que desejem entender desde que lugar e com qual fim foram escritas. Em primeiro lugar [escreveu] aos Coríntios proibindo divisões e heresias; depois aos Gálatas [proibindo] a circuncisão; aos Romanos escreveu extensamente a respeito do ordem das escrituras e também insistindo que Cristo fosse o tema central destas. É-nos necessário dar um relatório bem argumentado de todos estes já que o bendito Apostolo Paulo mesmo, seguindo o ordem de seu predecessor João, mas sem nomear-lhe, escreve a sete igrejas no seguinte ordem: primeiro aos Coríntios, segundo aos Efésios, em terceiro lugar aos Filipenses, em quarto lugar aos Colossenses, em quinto lugar aos Gálatas, em sexto lugar aos Tessalonicenses, e em sétimo lugar aos Romanos. No entanto, ainda que [a mensagem] se repita aos Coríntios e os Tessalonicenses para sua reprovação, reconhece-se a uma igreja como difundida através do mundo inteiro. Porque também João, ainda que escreve a sete igrejas no Apocalipse, no entanto escreve a todas. Ademais, [Paulo escreve] una [carta] a Filemón, uma a Tito, duas a Timóteo, em amor e afeto; mas foram santificadas para a honra da igreja. Fragmentos de muratori (200 d.C.)
Marção (um maestro gnóstico) recusa as duas epístolas a Timóteo e a epístola a Tito: tudo o relacionado com a disciplina da igreja. (Tertuliano 207 d.C.)
Se alguém deveria citar-nos do pequeno tratado titulado O ensino de Pedro… tenho que responder em primeiro lugar que dita obra não está incluída entre os livros eclesiásticos. Pois podemos demonstrar que ela não foi composta nem por Pedro nem por nenhuma outra pessoa inspirada pelo Espírito de Deus. Orígenes (225 d.C.)